quinta-feira, 9 de julho de 2009

Vem pra cá.



“Enquanto houver você do outro lado, aqui do outro, eu consigo me orientar.”



Ainda quero tempo, inspiração e muito papel em branco pra falar de saudade.

Mas é que hoje ela ta inquieta e mais carente do que em outros dias. Mesmo eu me rendendo aos seus caprichos, discando números, mandando mensagens e buscando notícias, parece que ela ainda não se contenta com esses gestos. Ela não sabe pra onde e nem por quem chamar. Se mostra impaciente igual ao corpo em que atormenta! Minha saudade vem acompanhada de cheiros, de chuva, de chocolate e de perfumes. Não há tempo que passe a fim de nos deixar desconhecidos diante do cheiro de roupa limpa do último abraço. Mesmo a memória, muitas vezes, não sendo boa companhia, ela retorna com todos os detalhes que pode me remeter a pessoa de quem sinto falta. E na maior da parte das vezes, me faz esquecer alguma mágoa, salientando os prós e me escondendo os contras. Minha porcentagem de rancor é baixa, pronto! Por mais que seja eu que tenha me afastado, ah, eu confesso que eu não sou tão firme quanto pareço. E quando a sensação de vazio aparece, ela me desassossega e me faz ser puramente definição de Vander Lee: “românticos são loucos, que mesmo certos vão pedir perdão”.

E como recomeço de conversa, pergunto da vida, das últimas provas e se o dito, ou dita, já escutou aquele lançamento de artistas que ambos apreciamos. Desse modo, o desenrolar da conversa flui, e com um pouco mais de naturalidade posso chegar direto ao que quero saber. Por que some assim? Por que pensa que vive sozinho no mundo e se esconde dessa forma? A sua prioridade pode não escolher a mim, mas você está em detalhes que te faz prioridade da minha saudade. É complexo mesmo, num sei se dá pra entender. Mas não importa, o que quero é física, contato. Voz ao telefone nem sempre basta, conversas de vídeo faz aumentar sentimento, e mensagem? Que coisa mais fria. Eu posso chorar e mesmo assim colocar um “Hahaha”, que a força da expressão ainda vai te fazer acreditar que eu estou bem. Tá bom, é melancólico demais todo este assunto. Eu me peguei olhando pra fotos, revirando conversas antigas e ainda dizendo que “foi bom”. Pronto, assim, fica completo os artifícios para alimentar minha impulsividade. Depois disso, eu ligo sim, eu procuro sim... Por que? Por nunca ter sabido lidar ou conviver com a falta, não sou boa nisso, me desespera e me faz chorar no meio da noite. Justo eu, que tenho algumas das pessoas mais importantes, da minha rotina, morando tão longe. Eu encontro vocês enquanto durmo, e como é férias, a gente anda tendo mais tempo que de costume.

A falta de uma presença, dá espaço a lembrança que traz recordações e nos transmite saudade. Sentimento este, que nunca vai ser explicado, que não tem tradução em inglês e que não cessa sem contato. Sem o abraço, sem o beijo, sem a noite acordada contando casos, sem o colo. Tudo aquilo que sou capaz de fantasiar, de forma fácil para conseguir passar o dia bem. Mas a noite está aí, aquela que torna toda cicatriz mais aberta, todo sentimento maios e toda sensação exagerada. Me encontro em sites de companhias aéreas, paginas que contem o horário do metro, ou procurando no Google maps a esquina mais perta para se pegar o ônibus. Porque afinal, tem certas vozes, que o barulho não encobre. Tem certas mãos que o banho quente não tira da pele, tem certas histórias que livro não conta e tem certos amores que nem sites de relacionamentos seriam capazes de encontrar.

Então, vem logo!Que a saudade é grande. O amor maior ainda. A certeza da indiferença da distância permanente. E seu lugar?Garantido!



sexta-feira, 3 de julho de 2009

Sem palavras.


"Preciso tanto aproveitar você

(....)

ouvir palavras de um futuro bom."


Começo pedindo pelo fim desse texto. Nada parece dar sequência, logo neim finalizar os meus textos ando conseguindo. Mas desta vez, este texto será postado. Quero falar de palavras, porque sempre foi explicita minha loucura por elas. Muito tempo teve que se passar, para dizer que reconheço o valor de um silêncio, mas ainda hoje tenho minha preferência por letras.

Adoro bilhetes, cartas e encartes de cd. Gosto de tudo que tem algo pra me contar, algo pra eu ler e não me esquecer. Sou adepta de uma boa conversa, na qual a gente perde a conta de quantas sílabas foram lançadas durante minutos que você não vê passar. Rascunho de textos e letra de música na contracapa do caderno ainda me prendem. Porque quando você não tem absolutamente nada para fazer, a sua subjetividade transparece em detalhes. Isto é fato.

Que seja escrita, que seja dita, que seja guardada... Palavras e criatividade formam fantasias. Palavras e amor sugerem sentimentos. Palavra e tristeza pedem por apoio. Palavras e fé transformam se em fortaleza. Palavra e raiva destroem carinhos. Palavras e noite te fazem perder o sono.

Acho que palavra tem o dom de transformar o mundo, e também é capaz de nos deixarmos piegas como acabei de ser no que disse. Mas não importa, podemos fazer denúncia, protestos e por meio delas, até desabafo. Elas são traiçoeiras, podem nos trazer verdades em meio de um discreto veneno.

Palavras às vezes são impulsivas e mesmo que já tenham passado uma noite andando por cabeças alheias, elas no dia seguinte saem de bocas sem se importarem com a reação de toda ação. Particularmente, sou medrosa frente a uma pessoa que não sabe o que diz, que não seleciona suas falas, porque me conheço o suficiente para saber que ela será a personagem principal da minha mágoa. E tenho alma inquieta, daquelas que não se conformam com desencontros e situações mal resolvidas. Daquela que perde noite por causa da palavra não dita depois da palavra mal dita. Ser impulsiva tem seu preço, mas carrega sinceridade junto às suas conseqüências.

Num agüento guardar letras, eu penso que elogio deve ser solto quando merecido. A explicação deve ser comunicada a quem perde o sossego pela falta das tais palavras. Eu falo, se for pra dizer "desculpa" eu vou lá. Se for dizer que não acho que estou errada, que a culpa por tudo estar de cabeça pra baixo é do primeiro que aparecer, eu digo. Num sei deixar espaços em branco, adoro papéis rasgados e recados de cumplicidade. Digo quase sempre o que penso, se não digo é porque não penso tanto. E se deixo palavras soltas por aí, é pra esquecer outras palavras ditas por aqui.